22.9.10

ESCREVO NESTA CLARA MANHÃ DE DOMINGO:

Não consigo encontrar
a consistência exata das palavras.
Meus poemas parecem carregar consigo
a insustentável leveza do ser.
Tenho feito planos em superfícies moduladas,
Arrumo as malas como quem esquece que vai partir.
Volto atrás, sigo em frente
Olho muito tempo o corpo de um poema
Quero me perder de vista
assim como as palavras.
Não quero deixar rastros
Nem, tão pouco, pistas
Apago, de vez, as reticências.
Não vou mais escrever um livro.
Não sei, é que não consigo encontrar
a consistência exata das palavras.
Meus poemas parecem carregar consigo
Essa branca dor da escrita.