18.5.09

NENHUMA RESPOSTA

"farejo as respostas para perguntas
que os poetas fazem aos homens"
(vera casa nova)


setecentos e dezoito e-mails
e nenhuma resposta.

acordo com palavras em meia boca
passo dias pela metade
abro as janelas da casa
penso na solidão dos homens
uma cidade infinita aos meus olhos
e nenhuma resposta.

releio correspondências
rabisco páginas, arranho discos
pinto as paredes de branco
mancho as paredes de azul
penso na ingratidão dos deuses
e nenhuma resposta.

escrevo poesia com coisas
contemplo o beijo de klimt
percebo vazios na sala
falo intransitivamente
entro e saio de mim mesmo
me viro do avesso

e nenhuma resposta.