24.12.11
MEU POEMA DE NATAL
o melhor natal era quando
a família inteira se reunia
ao redor da mesa farta
e a fartura adentrava o peito
e, alegrando os que ali estavam
com suas taças de vinho tinto,
um sorriso na cara surgia.
adivinho era a prosperidade do próximo ano
agora que tudo já estava renovado em cristo.
o melhor natal era quando
tudo se guardava nas fotografias
e alguma coisa dentro delas nos dizia
que naquele tempo a gente era feliz
e sabia.
a família inteira se reunia
ao redor da mesa farta
e a fartura adentrava o peito
e, alegrando os que ali estavam
com suas taças de vinho tinto,
um sorriso na cara surgia.
adivinho era a prosperidade do próximo ano
agora que tudo já estava renovado em cristo.
o melhor natal era quando
tudo se guardava nas fotografias
e alguma coisa dentro delas nos dizia
que naquele tempo a gente era feliz
e sabia.
16.12.11
KRIPTONITA
você,
k r i p t o n i t a,
me persegue por todos os lados
suga minhas forças
faz de mim o que bem quer
com esse seu ar de mulher fatal
"na marra, no pau"
me consome, me arrebata
me desgraça
reduz meus sentimentos
a quase nada.
você,
k r i p t o n i t a,
me arrasa,
me regaça.
HIDRÓXIDA!
LÍTICA!
SILICATA!
(este poema integra o pocket "Galaktikos", lançado em agosto de 2011, pela ed. Casa Sana.)
k r i p t o n i t a,
me persegue por todos os lados
suga minhas forças
faz de mim o que bem quer
com esse seu ar de mulher fatal
"na marra, no pau"
me consome, me arrebata
me desgraça
reduz meus sentimentos
a quase nada.
você,
k r i p t o n i t a,
me arrasa,
me regaça.
HIDRÓXIDA!
LÍTICA!
SILICATA!
(este poema integra o pocket "Galaktikos", lançado em agosto de 2011, pela ed. Casa Sana.)
para Davidson Maurity
bh, 1 out 2011
fazer do laço
um traço
pra me ligar
a você
deixar no ar
um rastro
pra me guiar
a você
levar daqui
o seu aço
pra me cortar
com você
aceitar
seu fracasso
pra não pensar
em vencer
lâmina que me inflama
desejo que me atrai
VOCÊ:
vício em verso e prosa
me roubando o sono
pra me ninar com
P A L A V R A S.
bh, 1 out 2011
fazer do laço
um traço
pra me ligar
a você
deixar no ar
um rastro
pra me guiar
a você
levar daqui
o seu aço
pra me cortar
com você
aceitar
seu fracasso
pra não pensar
em vencer
lâmina que me inflama
desejo que me atrai
VOCÊ:
vício em verso e prosa
me roubando o sono
pra me ninar com
P A L A V R A S.
CORPO
O corpo não quer descansar
antes de dançar
um último tango
em Paris.
O corpo não quer relaxar
enquanto não deixar
seus nervos
por um triz.
O corpo não quer sossegar
enquanto não cortar
o mal
pela raiz.
O corpo só quer soar
O corpo só quer suar
O corpo só quer ser dono
do próprio nariz.
antes de dançar
um último tango
em Paris.
O corpo não quer relaxar
enquanto não deixar
seus nervos
por um triz.
O corpo não quer sossegar
enquanto não cortar
o mal
pela raiz.
O corpo só quer soar
O corpo só quer suar
O corpo só quer ser dono
do próprio nariz.
ABRIGO
para R.M.N.G.L.
encontro
corpo alma cama
te rasgo com minha língua
trafego teu oco
mordo os mamilos
os arredores da tua
barriga
te prendo no colo
te beijo a virilha
passeio teu ânus
te fodo com a boca
te faço um
abrigo
escrevo com a ponta dos dedos
um poema
ao redor do
umbigo.
encontro
corpo alma cama
te rasgo com minha língua
trafego teu oco
mordo os mamilos
os arredores da tua
barriga
te prendo no colo
te beijo a virilha
passeio teu ânus
te fodo com a boca
te faço um
abrigo
escrevo com a ponta dos dedos
um poema
ao redor do
umbigo.
PEDIDO
se eu não disser nada
traga a resposta
que os meus olhos
querem ouvir
traga sal, vinho
romances de Proust
traga um pouco de vento
e algumas paisagens
se aconchegue ao redor de mim
não faça barulho
que talvez esse silêncio
seja mesmo o meu jeito torto
de lhe pedir pra ficar.
traga a resposta
que os meus olhos
querem ouvir
traga sal, vinho
romances de Proust
traga um pouco de vento
e algumas paisagens
se aconchegue ao redor de mim
não faça barulho
que talvez esse silêncio
seja mesmo o meu jeito torto
de lhe pedir pra ficar.
EXPEDIÇÕES
mar doce
cravos da índia
mapa
entre os dedos
viaja distante
os olhos da terra
chão batido
com os nervos
livros na estante
papéis, pergaminhos
gengiva sangrando
entre os dentes
caminhos traçados
itinerários
ventos que me vêm
do oeste
navios negreiros
canções do exílio
cartas que vão
pra nunca chegar
comando marítimo
ondas do sul
"e o barquinho a deslizar
pelo verde-azul do mar..."
PRECE
Não há sangue possível
palavra possível
corpo possível
o inalcançável aos nossos pés
a fortaleza
só é luz
se vinda de dentro
Orai, Senhor,
pra que essa luz não se
apague.
palavra possível
corpo possível
o inalcançável aos nossos pés
a fortaleza
só é luz
se vinda de dentro
Orai, Senhor,
pra que essa luz não se
apague.
FIOS
Meus cabelos desarranjam
o visual sujeito
o eu, o jeito
de despentear a
ideia, o poema, o dilema
de arrancar os fios
e refazer as conexões
dissolver a identidade
e refazer a utopia
de uma imagem que se mantenha
i n t á c t a
com o ampliar do espaço
e o passar do tempo.
o visual sujeito
o eu, o jeito
de despentear a
ideia, o poema, o dilema
de arrancar os fios
e refazer as conexões
dissolver a identidade
e refazer a utopia
de uma imagem que se mantenha
i n t á c t a
com o ampliar do espaço
e o passar do tempo.
20.7.11
NEBULOSAS
seus beijos
me vêm /
g a l á c t i c o s
como nuvens de poeira
hidrogênio e plasma
e arrebatam tudo que há em mim
violenta explosão
que _______________
me tira o sono e a rima.
*este poema faz parte do meu novo projeto que será lançado em breve pelo selo "Casa Sana" em versão pocket.
6.5.11
25.4.11
FADO
Tenho escoliose e,
assim como a dorsal,
a vida também é
----------------t
---------------o
----------------r
---------------t
----------------a
-----------------!
----------------t
---------------o
----------------r
---------------t
----------------a
-----------------!
23.4.11
BABÉLICO
maçãstorrespalavras
terrenosdeusesafãs
luzesvoltagensmontanhas
serpentescritériosescadas
azuisazedossegredos
vidraçacabalacamelo
cabeloporradachinelo
panelahemisfériolambada
presentepungentenascente
bolachamiragemviagemcebola
coragemcouraçafavelasistema
novelanovenapoemarevólver
espingardaestilhaça a
língualíngualíngualíngua
terrenosdeusesafãs
luzesvoltagensmontanhas
serpentescritériosescadas
azuisazedossegredos
vidraçacabalacamelo
cabeloporradachinelo
panelahemisfériolambada
presentepungentenascente
bolachamiragemviagemcebola
coragemcouraçafavelasistema
novelanovenapoemarevólver
espingardaestilhaça a
língualíngualíngualíngua
ÁLCOOL
Me
----movimento
------------l e n t o
pelo meu deslizar
E
a mais l
---------e
------------v
--------------e
---------------rajada de vento
----------------me põe tudo a
----------------------------rodar.
DESMISTIFICAÇÃO #9
nem só de poesia
vive o poeta
nem só de nostalgia
vive o poeta
nem só de melodia
vive o poeta
nem só de melancolia
vive o poeta
nem só de covardia
vive o poeta
nem só de anarquia
vive o poeta
nem só de caipirinha
vive o poeta
nem só de terapia
vive o poeta
nem só de rebeldia
vive o poeta
nem só de cocaína
vive o poeta
nem só de mescalina
vive o poeta
nem só de taurina
vive o poeta
nem só de disciplina
vive o poeta
nem só de adrenalina
vive o poeta
nem só de ilusão
vive o poeta
nem só de inspiração
vive o poeta
nem só de depressão
vive o poeta
nem só de revolução
vive o poeta
nem só de coca-cola
vive o poeta
nem só da sua esmola
vive o poeta
nem só na sua escola
vive o poeta
nem só da sua farsa
vive o poeta
nem só de suas desgraças
vive o poeta
nem só de suas armas
vive o poeta
nem só de suas farpas
vive o poeta
nem só de diversão
vive o poeta
nem só de repressão
vive o poeta
nem só do coração
vive o poeta
nem só de regalias
vive o poeta
nem só de cortesias
vive o poeta
nem só de alegrias
vive o poeta
nem só
vive o poeta
nem só
vive o poeta
nem só
vive o poeta
nem só
vive o poeta
vive o poeta
nem só de nostalgia
vive o poeta
nem só de melodia
vive o poeta
nem só de melancolia
vive o poeta
nem só de covardia
vive o poeta
nem só de anarquia
vive o poeta
nem só de caipirinha
vive o poeta
nem só de terapia
vive o poeta
nem só de rebeldia
vive o poeta
nem só de cocaína
vive o poeta
nem só de mescalina
vive o poeta
nem só de taurina
vive o poeta
nem só de disciplina
vive o poeta
nem só de adrenalina
vive o poeta
nem só de ilusão
vive o poeta
nem só de inspiração
vive o poeta
nem só de depressão
vive o poeta
nem só de revolução
vive o poeta
nem só de coca-cola
vive o poeta
nem só da sua esmola
vive o poeta
nem só na sua escola
vive o poeta
nem só da sua farsa
vive o poeta
nem só de suas desgraças
vive o poeta
nem só de suas armas
vive o poeta
nem só de suas farpas
vive o poeta
nem só de diversão
vive o poeta
nem só de repressão
vive o poeta
nem só do coração
vive o poeta
nem só de regalias
vive o poeta
nem só de cortesias
vive o poeta
nem só de alegrias
vive o poeta
nem só
vive o poeta
nem só
vive o poeta
nem só
vive o poeta
nem só
vive o poeta
.
20.3.11
8.3.11
1.3.11
7:45pm
Penso nele e não penso. É saudade e não é. Uma dor enraizada no peito. Rabisco páginas de cadernos tão antigos, diários íntimos. Só a solidão é capaz de esconder. Nem o silêncio me confessa. Não tenho pressa de sentir, mas a angústia me provoca enjôo, vômito, náuseas terríveis. Ouço "Elis&Tom". Whiskies, cigarros, agendas me lembrando o esquecimento de amanhã. Se eu for, não quero voltar. Não quero deixar marcas. A pior das hipóteses é partir, deixar o terço e a reza e sumir. Deixar este lugar-comum, este deserto d'alma. Nem a solidão é capaz de dizer. Bem verdade é que prefiro solitude a solidão. Penso no esquecimento. É raro pensar assim: tão intenso, tão difícil. Rasgo todo e qualquer registro. Ato-falho.
9:58pm
Ele ainda está aqui. Sinto suas vibrações nas entrelinhas dos cadernos. Seus olhos atravessam as paredes da sala. O relógio se move quase que imperceptível. Tic, tac... Tic, tac... Tic, tac... Falta pouco mais de um dia, um pouco mais de coragem, um pouco mais de silêncio. O whisky, o cigarro, a máquina que não pára de escrever. Os dedos doem, o medo dói, os nervos doem, a boca dói, a língua mordida sangra e dói, o corpo inteiro submerso. Sinto suas falhas no que esqueço de dizer. Volto aos meus princípios. Era o fim e agora já é um recomeço. Um velho recomeço que sempre traço pelo fim. Esta mesma carta batida, rebatida, marcada pela tinta que escorre entre os dedos. Tanta pressão nas palavras. Pra quê? Pra onde? Pra quem?
10:47pm
Os dedos ainda doem...
11:35pm
É que quando a dor consome o corpo, nada mais se acomoda. A gente perde mesmo o rumo de tudo tentando dar sentido às coisas. Perde a linha, o texto, a trama, mas perder o chão não é pra qualquer um. Desde pequeno ouço dizer que Deus não dá asa à cobra. Voar talvez seria uma solução, mas aqui o abismo não é blanchotiano e a queda é tão terrível que esmaga. Queria poder me livrar, me esquecer, me dispersar, me curar deste câncer, mas o amor é pesado demais e vai pesando a memória, vai pesando as lembranças, vai pesando tudo a nossa volta. O amor é pesado demais, a dor, pior ainda, e o corpo é tão leve pra ser sóbrio, tão pequeno pra ser sábio. A externalização do que sentimos é que é o grande perigo. Dizer é o maior dos pecados, ainda mais do que sentir. Somos tão frágeis e ao mesmo tempo tão radicais. Escolhemos nossas próprias dores ao inventarmos nossos amores perfeitos. "Pode ser que não voltes nunca mais..."
11:59pm
Inútil paisagem...
FANTASIA
Se eu fosse ana cristina césar
enlouqueceria três dias
e três noites
até que a vã filosofia
se desvairasse de mim.
L.E.
eróticas e erráticas
nossos lábios se encontram:
(os meus grandes
sobre os seus pequenos
os seus grandes
sobre os meus peque-
nos) lábios
vermelhos-roxos
azuis de prazer e suor.
sou sua, tão nossa
quando sua
a carne ainda quente
sobre a cama.
erráticas e eróticas
nossas faltas se completam
o oco, o ventre
o cheiro, o toque
a vulva volúpia do desejo
rosada flor que se abre
em nossos corpos
delicados,
amados e belos
como um poema de Safo.
tão sua, sou nossa
quando a alma
nos acerta.
PARA ANA CRISTINA CÉSAR
Precisaria trabalhar dias
meses, anos
para entender essa loucura toda
de inventar palavras
e lançá-las n'água
como gansos que deslizam sublimes
pela superfície.
Entender essa arte
de despertar no silêncio
a sílaba tônica dos versos
que atravessam minha língua
e reverberam o corpo.
De ver crescer entre os dedos
a virtuosidade de uma flor amarela
nascida sobre o asfalto
ainda quente da alma.
Precisaria enlouquecer por dias
meses e anos
até entender o que dizem
esses seus olhos de fogo
perdidos na escuridão.
Ser poeta não é coisa de se achar por aí
entre os lagos da vida.
SOUVOCÊ
eusouvocêquandoemmimteencontro
equandomeencontrodemimteperco
equandotepercoemmimteencontro
equandoteencontrodemimmeperco
eusouvocêquandoemvocêeusou
aquiloqueemvocêsóemmimsabeser
equedemimsendoaquiloquesou
emvocêeusoutudoaquiloquevejo
eusouvocêesoueusendovocê
sendoeumesmoemvocêcomosou
sendoeuemvocêouvocêmesmoemmeuser
eunãosoueusenãoforsemvocê
porquequandosoueusoueumesmoemvocê
sendoeuevocênumsójeitodeser
O REINO DAS COISAS
para Tida Carvalho e Adriana Versiani, duas amigas.
Obcessão por pensar as páginas dos livros
que quando amarelavam
ficavam com o gosto da alma nos dedos.
Era assim que ela envelhecia,
cuidando deles:
seus autores, seus amigos,
seus parceiros e amantes,
confidentes.
Noite pós noite,
Ela se despia toda e caminhava entre as montanhas
que eram feitas de pilhas
e mais pilhas de alemães, portugueses,
argentinos, africanos,
e ali os amava com um amor tão táctil,
com tamanha volúpia e delicadeza
que o gozo vinha sempre como o cume do ápice
de um ritual.
Nada a excitava mais que os livros,
aqueles livros.
POIS É
[uma letra, uma bossa]
para Péricles Cavalcanti.
para Péricles Cavalcanti.
Pois é,
dissemos tanto um ao outro
e por tão pouco
deixamos tudo ruir.
Não restou pedra sobre pedra.
Nem eu, nem você,
nem ninguém saberá dizer.
Não estamos, não vivemos,
quisemos tanto que, enfim,
por fim, no fim...
Pois é,
23.1.11
INSTANTE
o futuro
não veio
em vão
o passado
é o tempo
presente
o presente
é um artefato
embrulhado
na memória
com as fibras
da história
que conto
a linha
do tempo
perpassa
a linha
do vento
atravessa
o horizonte
e suas curvas
tão rasas
no azul
de encontro
do mar
o mar
que é passado
e é presente
será também
futuro
aqui
agora
e
então
o mesmo mar
de cabral
o mesmo mar
das cabrálias
o mesmo mar
do japão
o mesmo mar
de ismália
logo ali
no instante
em que a roda
toca o
chão
e o tempo
no vento
se espalha.
PROGRESSÃO 1984
acender luzes onde não há paisagens
abraham palatinik e seus olhos coloridos
acender luzes onde não há imagens
abraham palatinik e seus olhos invertidos
acender luzes onde não há paragens
abraham palatinik e seus olhos de vidro
acender luzes onde não há miragens
abraham palatinik e seus olhos
TANTRA
em mim
em você
o mantra
tudo o que eu
esperava
e não vi.
assim
de mim
de você
o tantra
tudo o que eu
encontrava
e perdi.
o beijo
saia da minha
boca
e tocava o
teu abraço
saia dos meus
braços
e atravessava
o teu
desejo
e era tudo
tão perto
sem limite
que o limite
era o encontro
do meu beijo
e o teu amplexo
sem nexo
misturavam
-se
ENTREQUANDO
tudo
no tempo
AQUI/
AGORA
e quando
é sempre
é ontem
ou
tal-vez
quiçá
senão
se não
se então
às tantas
por onde
o corpo
o ventre
e a mama
a lama
no corpo
no ventre
da cama
é quando
no tempo
tudo
é agora
aqui:
dentro e
fora
em mim
no outro
em ti
que me dis-
perso
que me des-
meço
que me dis-
farso
que me des-
minto
de quando
no tempo
o vento
era farto
esparso
o corpo
o ventre
a cama
o outro
o entre
a chama.
TRÊS FRAGMENTOS DE UMA MESMA HISTÓRIA
1.
algodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtão
pertosladoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointen
soaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoa
doismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualien
treumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismilesessenta
eumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutr
aumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosde
distânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoe
stavamtãopertosladoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodem
uitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosl
adoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoacont
eceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismil
esessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumal
inhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismilesessentaeumquil
ômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoem
2.
algodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtão
pertosladoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointen
soaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoa
doismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualien
treumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismilesessenta
eumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutr
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distânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoe
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adoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoacont
eceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismil
esessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumal
inhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismilesessentaeumquil
ômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoem
3.
algodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtão
pertosladoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointen
soaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoa
doismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualien
treumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismilesessenta
eumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutr
aumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosde
distânciaalgodemuitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoe
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uitointensoaconteceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosl
adoaladoadoismilesessentaeumquilômetrosdedistânciaalgodemuitointensoacont
eceualientreumalinhaeoutraumpoemaumafagoestavamtãopertosladoaladoadoismil
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21.1.11
E-MEIO
aqui existe um "eu",
e dentro dele um "você",
e dentro dele uma "saudade",
e dentro dela uma "dor".
suas cartas espalhadas sobre a mesa
e nenhum sinal de resposta,
estou à deriva.
ando mudo, etéreo
stéreo entre as paredes do quarto
interno, DENTRO
e FORA ao mesmo tempo.
o cursor fica piscando por horas
e horas na tela em branco...
|
chove torrencialmente,
tenho vinho, tenho sono, tenho melancolia e essa dor no peito...
travessiamo?
CHUVA
para Ana Cristina César
Chove torrencialmente
e os seus olhos são
duas gotas d'água
diante da janela,
à espera.
NOSSO GATO NA JANELA
para Ana Cristina César
Nosso gato na janela do quarto
Mia teu silêncio,
Mia tua ausência,
Mia a falta infinita dos teus olhos
Mia baixinho,
Gatinho bossa nova
Tristíssimo...
Como eu sem você.
4.1.11
ALTERNIPÉTALO PARA HAROLDO DE CAMPOS
(sobre algarismos alfinetes de Salette Tavares)
No altar de algures,
albicórneas de almagiste,
com almaAlvarral a vapor de álamo,
alguém, altifalante,
lê o alcorão no algibe
alcião, alfim
aleperce de si mesmo
no aljofar da tarde alfa
que ali pousou:
- al berto, almo alguidar,
o alvorário do tempo
parou!
alvíssaras nuvens alcançaram o céu!
o alvorário do tempo
parou!
alvíssaras nuvens alcançaram o céu!
alperce no vento,
o varal alforreca
alga alforria
além-álibi
por fim.
deslizando a memória
do alcantaril,
algaraz suspira:
- saudades de algures,
sagaz alfarábio,
saudades de alguém...
sagaz alfarábio,
saudades de alguém...
o alterniflório do
sem-fim se abre
alticolúnio algoz
de alfaqui.
aforrece a manhã,
a lua 'inda vermelha
albirrubro
como os olhos
d'alcova,
que ergue o corpo
no vento
e sopra as palavras
serafim.
FEIRA
Todas as cores
Todas as línguas
Todas as tribos
Todas as faces
Todas as formas
Todos os ritos
Todas as classes
Todas as artes
Todos os ritmos
Todos os sons
Todos os tons
Todos os hippies.
18.12.10
BREVE HISTÓRIA SOBRE A FELICIDADE
Feche os olhos e abra a boca! - NÃO! Abra os olhos, a boca e esse seu coração ranzinza. Deixe a vida entrar sem pressa. - Estamos à sós. - Estamos quites. - Eu e o mundo. - Euvocê e essa trilha de fundo. - “Looovin yooou...” - Agora pense no amor. Pense no que estamos construindo juntos. - É verdade: faz um lindo dia LÁ FORA, vamos! - Basta o prazo de um segundo. - Aceita! É pra você que eu fiz este samba, pra bater de jeito no seu coração. - Vem, descansa. Desfaça-se dessas armaduras. Veja bem, meu bem, vamos viver leve e amar solto e, acima de tudo, amar e amar e amar. É só isso que interessa! - Respire. Você não perde nada em ser um pouco mais delicado, por dar mais atenção ao que eu lhe digo, por admirar com mais paixão o pôr do sol. - Vamos lá, sorria, tire uma foto. É só abrir os olhos e repetir bem alto: EU ACREDITO! EU ACREDITO! EU ACREDITO!
"NOSSOS DRAMAS SE ENCONTRARAM NO POEMA"
para Tida Carvalho.
Eu confesso, querida: o amor me convalesce!
Tenho me doado por inteiro,
dia após dia,
A troco nada, de meias palavras ao vento,
Em nome do afeto,
Em nome do corpo nosso de cada dia.
Tantos amanhãs em silêncio,
Nenhum e-mail, nenhum recado,
Parcos telefonemas,
Nenhum aviso de quem veio,
Comeu, bebeu
E nos deu graças dizendo:
“Prometo amar-te e respeitar-te
Por toda minha vida”
Por toda minha vida”
Nenhum “hello” neste domingo!
Ah porque estou tão sozinho!...
Ah porque tudo é tão triste!...
Ah, minha amiga,
Ser intenso demais me adoece.
CANTO XIV
Dizer que já estou curado é MENTIRA!
Ainda sinto muito a dor no peito.
Essa ferida ainda me dói bastante.
Mas nada melhor do que um dia após o outro,
Um livro após o outro,
Um sorriso após o outro,
Um whisky, um romance,
Um adeus...
28.11.10
DA FALTA DE QUEM AMOU UM DIA
Acordar
e não ter
O corpo pede
e não há nada
A vizinhança espera
acesa
dentro e fora de mim
Transita a palavra no tempo
uma civilização inteira
calada
Não há livros
nem promessas
nem mais gritos
nem poemas
Simplesmente
não há nada.
não há nada
não há nada
não há nada
31.10.10
SOBRE UM ANTIGO POEMA DE ABRIL
chovia
e, sobre o papel, as palavras dançavam.
era 1997 e
eu mal conseguia escrever.
o fato é que a gente escreve sobre o tempo
sem se dar conta do que é o tempo
e tudo fica tão complexo quanto.
mas eu me lembro bem:
eu ainda tinha pai, mãe, irmãos,
tios, avós, primos,
passarinhos na gaiola e
caixinha de brinquedos.
de todos os anos, eu só tinha 10
e me reinventava o tempo todo
e me esquecia logo depois
e eu queria ser o grande herói da ciência
e já colecionava quadros negros
e já brincava de escolinha.
verdade é que os anos escolares iniciaram-se praticamente ali:
eu acordava de repente e “pluft”: me entendia por gente.
e era assim todas as manhãs,
um personagem para cada dia.
///
naquele tempo, eu me disfarçava sob longos cabelos castanhos
tão encaracolados quanto os que o Roberto cantou
e debaixo dos caracóis, mais de mil histórias,
mais de mil segredos,
quase nenhum amor.
eu mal podia esperar pelos anos seguintes.
nada era vindouro, tudo era aqui e agora.
tinha desejos de menino, vontades de menina
e um vinil do Caetano.
eu falei da infância porque a vida ainda não fazia sentido.
é meio como as palavras: só fazem sentido em sua relação com o tempo.
o fato é que a gente fala da infância
sem se dar conta do que é a infância
e tudo fica tão complexo quanto.
///
em 1997 eu li Monteiro Lobato,
visitei – pela primeira vez – um sítio,
me perdi no pomar
(mas me lembro bem do cheiro do laranjal)
eu brincava com a terra
e a terra brincava com meu corpo
como se tudo fosse d'uma matéria só
(e ao mesmo tempo não fosse e não era)
plantei bananeiras, subi nas mangueiras
palmeiras gigantes
aves que aqui gorjeiam
o canto de um Sabiá
um rio cortando a alma
atravessando o jardim.
era tarde, em 1997 eu descobri o quintal
e dali eu desenhava o céu.
não sei se ainda chovia,
mas era abril.
tinha nuvens
e um aquário cheio de peixes
e um peixe cheio de asas
e uma casa maior que o mundo.
a verdade é que a gente conta dos sonhos
sem se dar conta do que são os sonhos
e tudo fica tão complexo quanto.
era 1997
e eu me deitava na grama.
pensava nos barquinhos de papel
pensava nas palavras dançando na chuva
pensava no poema tomando (o) corpo
e as pipas coloridas ao longe
deixavam o céu como eu ainda vejo hoje.
a propósito, uma rosa é uma rosa
é uma cor é um azul é pau é pedra
é o fim do caminho...
///
voltando pra casa,
pensava no que contar quando voltassem as aulas,
pensava no que escrever quando me traçassem as linhas.
“eu não sou Deus e não escrevo torto.”
foi assim que comecei a história.
o fato é que a gente lembra da história
sem se dar conta do que é a história
e tudo fica tão complexo quanto.
não sei, só sei que foi assim, fim que foi.
aqui, o ano se acabou.
aqui, o ano acabado.
aqui o ano acaba.
era abril,
em 1997.
///
*Poema escrito para o projeto "Onde estará 1997?" criado por Júlia de C. Hansen
e, sobre o papel, as palavras dançavam.
era 1997 e
eu mal conseguia escrever.
o fato é que a gente escreve sobre o tempo
sem se dar conta do que é o tempo
e tudo fica tão complexo quanto.
mas eu me lembro bem:
eu ainda tinha pai, mãe, irmãos,
tios, avós, primos,
passarinhos na gaiola e
caixinha de brinquedos.
de todos os anos, eu só tinha 10
e me reinventava o tempo todo
e me esquecia logo depois
e eu queria ser o grande herói da ciência
e já colecionava quadros negros
e já brincava de escolinha.
verdade é que os anos escolares iniciaram-se praticamente ali:
eu acordava de repente e “pluft”: me entendia por gente.
e era assim todas as manhãs,
um personagem para cada dia.
///
naquele tempo, eu me disfarçava sob longos cabelos castanhos
tão encaracolados quanto os que o Roberto cantou
e debaixo dos caracóis, mais de mil histórias,
mais de mil segredos,
quase nenhum amor.
eu mal podia esperar pelos anos seguintes.
nada era vindouro, tudo era aqui e agora.
tinha desejos de menino, vontades de menina
e um vinil do Caetano.
eu falei da infância porque a vida ainda não fazia sentido.
é meio como as palavras: só fazem sentido em sua relação com o tempo.
o fato é que a gente fala da infância
sem se dar conta do que é a infância
e tudo fica tão complexo quanto.
///
em 1997 eu li Monteiro Lobato,
visitei – pela primeira vez – um sítio,
me perdi no pomar
(mas me lembro bem do cheiro do laranjal)
eu brincava com a terra
e a terra brincava com meu corpo
como se tudo fosse d'uma matéria só
(e ao mesmo tempo não fosse e não era)
plantei bananeiras, subi nas mangueiras
palmeiras gigantes
aves que aqui gorjeiam
o canto de um Sabiá
um rio cortando a alma
atravessando o jardim.
era tarde, em 1997 eu descobri o quintal
e dali eu desenhava o céu.
não sei se ainda chovia,
mas era abril.
tinha nuvens
e um aquário cheio de peixes
e um peixe cheio de asas
e uma casa maior que o mundo.
a verdade é que a gente conta dos sonhos
sem se dar conta do que são os sonhos
e tudo fica tão complexo quanto.
era 1997
e eu me deitava na grama.
pensava nos barquinhos de papel
pensava nas palavras dançando na chuva
pensava no poema tomando (o) corpo
e as pipas coloridas ao longe
deixavam o céu como eu ainda vejo hoje.
a propósito, uma rosa é uma rosa
é uma cor é um azul é pau é pedra
é o fim do caminho...
///
voltando pra casa,
pensava no que contar quando voltassem as aulas,
pensava no que escrever quando me traçassem as linhas.
“eu não sou Deus e não escrevo torto.”
foi assim que comecei a história.
o fato é que a gente lembra da história
sem se dar conta do que é a história
e tudo fica tão complexo quanto.
não sei, só sei que foi assim, fim que foi.
aqui, o ano se acabou.
aqui, o ano acabado.
aqui o ano acaba.
era abril,
em 1997.
///
*Poema escrito para o projeto "Onde estará 1997?" criado por Júlia de C. Hansen
22.9.10
ESCREVO NESTA CLARA MANHÃ DE DOMINGO:
Não consigo encontrar
a consistência exata das palavras.
Meus poemas parecem carregar consigo
a insustentável leveza do ser.
Tenho feito planos em superfícies moduladas,
Arrumo as malas como quem esquece que vai partir.
Volto atrás, sigo em frente
Olho muito tempo o corpo de um poema
Quero me perder de vista
assim como as palavras.
Não quero deixar rastros
Nem, tão pouco, pistas
Apago, de vez, as reticências.
Não vou mais escrever um livro.
Não sei, é que não consigo encontrar
a consistência exata das palavras.
Meus poemas parecem carregar consigo
Essa branca dor da escrita.
TRÍPTICO ou RETRATO
Há uma desordem no meu jeito de ser
Meus fins não justificam os meios
Contraponho meus sentidos
Desfio dolorosamente as palavras
para costurá-las ao meu corpo
ratificando, assim, a linguagem.
O olho que me lê
é também o olho que me canta
e o canto que me encanta
é o mais profundo que me alcança.
Tenho tecido sobre a pele
Experiências do que vivo
Dia após dia, tardes/
Noites que atravessam meu torpor.
Meu coração tem reações
que minha própria razão desconhece
Essa metamorfose sem sentido
que se dá no território nauseante
do que penso, sinto e quero.
Ser ou não ser?
Eis o que sou.
CICATRIZ
Eu paro e penso
(e você nem vê)
o amor doendo no peito.
O fogo vai queimando a carne,
o cerne do poema,
a palavra mal dita.
"Sem saída": que assim seja
se já não sinto nada
além de dor
Nem medo, grave aspereza,
esta que nos provoca
esse mau do amor.
4.9.10
CANTO IV
Acorda, meu filho, e dança
Abra as janelas como quem mora no paraíso.
Não fuja dos pássaros.
Faz um lindo dia LÁ FORA.
Beba um café, fume um cigarro,
Aprenda sobre literatura
Com o velho Hemingway.
Escreva, meu filho, escreva
E não tente se curar da loucura
Porque a alma é a mais bela insanidade.
CANTO I
Literatura não é documento.
Insisto em registrar acontecimentos
autobiográficos.
Escrever estimula a imprecisão.
Não sou fiel aos fatos.
Ficcionalizei a vida!
PRATO DO DIA
para Vera Casa Nova
Salomão ao molho tártaro
Adorno recheado com Foucault
Creme de Nietzsche com lentilhas
Deleuze fatiado com Artaud
Tartar de Drummond aromático
Filé de Oiticica com legumes
Pizarnik com azeitonas e aspargos
Hilst com pimenta, sal e Rimbaud.
Acompanha:
O sulco de todas as vozes.
30.6.10
O HOMEM QUE EU AMO
O homem que eu amo
Me enche de cuidados
Ele lambe minhas feridas
Até cicatrizá-las todas
Com as enzimas curativas
De sua saliva.
O homem que eu amo
Me cobre de delicadezas
Penteia meus cabelos
Com seus dedos finos
Umedece minha boca
Com seus lábios macios.
O homem que eu amo
Se doa para mim todas as noites
Me faz adormecer entre suas pernas
Me abre os braços
Com o aconchego de uma mãe.
O homem que eu amo
Guarda meu sono dentro dos olhos silenciosos
Que enfeitam seu rosto,
Dentro do corpo que se dá ao deleite
Nas madrugadas em que meus nervos vão à flor da pele.
O homem que eu amo
Entende de todas as coisas
Fala a língua dos meus desejos
Me prende em suas fibras,
Suas fímbrias,
Suas ficções e febres
Compreende a (in)disciplina do amor.
O homem que eu amo
Me coroa todos os dias
Arranca todo o mal
Que parasita meu corpo
Me envolvendo num casulo
Cuidadosamente elaborado
Pelos finos fios vermelhos
Que saem dos seus delicados mamilos.
*Poema incidental: "As lágrimas amargas da felicidade" de Marcelo Dolabela. Inspirado no poema "OHQEA vai passar para a outra vida sem parar de respirar", de Adriana Versiani.
Poema escrito exclusivamente para a performance "Unravels", realizada no dia 26 de junho de 2010, na Quina Galeria (BH, MG), em parceria com o ator Brunno Oliveira.
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